Mestre Nado de Olinda leva música através do barro para Fenearte
Artesão produz ocarinas, instrumento que lembra flauta, há 20 anos.
Ele leva coleção nova inspirada nos elementos da natureza para feira.
Uma das principais novidades da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte) deste ano é o aumento na quantidade de artesãos na Alameda dos Mestres, a porta de entrada do evento. São 11 artistas a mais que no ano passado trazendo artigos de barro, madeira, cerâmica, pedra, xilogravura, palha, costura e bordado de todas as regiões de Pernambuco.
É entre o burburinho da feira que se escuta o mestre Nado de Olinda tocar as ocarinas de barro que fabrica há 20 anos. A ocarina é um instrumento de sopro em formato globular que lembra, muitas vezes, uma flauta. Este ano ele trouxe a Ocarinado, uma ocarina customizada que toca 27 notas, número três vezes maior que a quantidade de tons das ocarinas comuns.
“Eu customizei ela para mim, pois queria poder tocar músicas mais encorpadas. Aí juntei a palavra ocarina com Nado, que é meu nome”, conta o artesão. Para mostrar que a Ocarinado é eficiente, ele toca a música Fascinação, famosa na voz de Elis Regina. “Numa ocarina comum, eu não conseguiria atingir essa variedade de tons”, detalha.
Mestre Nado é de Olinda, Região Metropolitana do Recife, e também trabalha como oleiro. A paixão pelo barro é explícita de todas as formas: o disco que vende no espaço leva o nome de “Som do Barro”, em referência à sonoridade produzida com o sopro da ocarina.
“O barro já sofreu muito, era visto como uma coisa suja por muito tempo. Mas hoje eu dou palestras em escolas para falar da eficácia do barro, de como ele é um material que não desgasta fácil. Vemos muitas fábricas de moto usando o barro, a argila, na fabricação de peças, por exemplo”, defende.
As ocarinas mais simples do mestre Nado custam R$ 5 e são feitas em formato de peixe, para atrair as crianças. “É bom porque a criança vai descobrindo que colocando um dedo de um lado ela produz um dó, tirando o dedo de outro lado, faz um ré”, explica o artesão. A compra das ocarinas vem com a escala musical do instrumento junto.
Para ser considerado um mestre, é essencial que a produção do artesanato esteja sendo ensinada a outras pessoas, como conta Thiago Ângelus, coordenador geral da Fenarte. “Há uma série de pré-requisitos que são cumpridos para ser considerado mestre artesão, conforme a portaria do Governo Federal. É preciso que a técnica seja transferida para os filhos, por exemplo, além de uma análise da história, formação e relevância da obra do artista”, aponta Thiago. A lista de pré-requisitos é algo que mestre Nado cumpre de diversas maneiras.
“Aqui todo mundo que trabalha no estande sabe fazer uma ocarina e entende da música que sai dela. Também temos um trabalho educativo para criança [o Centro Cultural Som do Barro, que funciona na comunidade de Caixa D’água, em Olinda]”, diz mestre Nado.
A coleção das novas ocarinas exibida na Fenearte foi pensada em conjunto com o grupo e é inspirada nos quatro elementos da natureza. “A gente dividiu as ocarinas por modelos. A diferença está no som. As ‘grandonas’ redondas, por exemplo, fazem sons que chamamos ‘boom da água’”, explica.
A Fenearte funciona das 14h às 22h, durante a semana, e das 10h às 22h, nos sábados e domingos. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia) de segunda a quinta e R$ 12 e R$ 6 nas sextas, sábados e domingos.
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Fonte: G1 PE – Moema França