ONG aposta em cortejos de música para humanizar hospitais
Grupo de amigos atores faz intervenções há quatro anos no Rio
Riso terapêutico. Parte do grupo com o material usado nos cortejos – O Globo / Analice Paron
Pelos corredores brancos, um cortejo ao som de músicas animadas quebra o silêncio habitual, arranca sorrisos e faz pacientes levantarem da cama com o soro a tiracolo. Muitos deles esperam ansiosamente o som dessa turma e até usam maquiagem para melhorar o visual. A quebra de protocolo também contagia as equipes médicas, que entram na dança. Essa pequena grande revolução é possível graças ao trabalho da ONG Conexão do Bem.
Formada por uma trupe de amigos da Zona Sul, a iniciativa acaba de completar quatro anos de intervenções musicais e temáticas, que potencializam a humanização do sistema de saúde. A equipe de seis atores e uma produtora teatral agora se prepara para fazer apresentações inspiradas nos Jogos Olímpicos.
— A ideia é falar da força que esse ritual mundial pode trazer à tona; mostrar como as relações entre os países podem ser terapêuticas e potentes. Separamos músicas internacionais e nacionais que falam sobre força e união — explica André Dale, um dos integrantes.
No currículo dos cortejos festivos estão intervenções inspiradas em festa junina, carnaval, Natal, Copa do Mundo e Rock in Rio. Mas a atriz Mariana Pastoré ressalta que o trabalho precisa ter frequência.
— Começamos a perceber que a atividade era potente e que precisávamos de uma dedicação muito grande. Não adianta apresentar essa realidade para eles e nunca mais voltar ao hospital. Existem pacientes que nós acompanhamos há muito tempo. Eles têm uma história conosco, não dá para ir apenas em datas festivas — diz.
Mariana conta que essa entrega do grupo traz grandes recompensas.
— Conseguimos mostrar como o teatro e a música são importantes na vida e no tratamento dessas pessoas. E os hospitais começaram a perceber a melhora dos pacientes e o retorno da equipe médica. Um deles criou um setor de humanização baseado no nosso trabalho — relata.
A ideia de levar os cortejos aos hospitais foi do ator Felipe Haiut, na época em que ele fazia a novela “Malhação”, da Rede Globo.
— Eu fiz palhaçaria terapêutica em Israel. Quando voltei de viagem, procurei um lugar para continuar esse trabalho, mas os grupos eram muito fechados. Um dia, a assessoria do Hemorio deixou o elenco de “Malhação” passar uma tarde com as crianças do hospital. Foi muito transformador. Então eu percebi que isso tinha um enorme potencial de crescimento e busquei amigos para começar o projeto — lembra.
Além do Hemorio, o grupo atua no Albert Schweitzer, em Realengo, e no Pró Criança Cardíaca, em Botafogo. O projeto, que começou voluntário, hoje tem o patrocínio de duas empresas, mas ainda conta com as doações. Para ajudar a Conexão do Bem, basta entrar no menu “faça parte”, disponível no site http://conexaodobem.org.br/
Fonte: Globo – O Globo