08/05/2017
Por: marketing

Michel Teló leva a música sertaneja ao tradicional Teatro Municipal do Rio

Cantor comanda espetáculo que conta a história do gênero

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Foto de cena do musical “Bem sertanejo” – Lenise Pinheiro / Divulgação

‘Todo mundo viveu o sertanejo um pouquinho que seja, com um pai ou avô que ouvia essa música. Até pouco tempo atrás, o Brasil era um país rural. As pessoas têm o sertanejo na raiz, no sangue’ – MICHEL TELÓ (Cantor)

— Todo mundo viveu o sertanejo um pouquinho que seja, com um pai ou avô que ouvia essa música. Até pouco tempo atrás, o Brasil era um país rural. As pessoas têm o sertanejo na raiz, no sangue — acredita. — Além disso, os artistas sertanejos sabem se reinventar, acompanham o mercado e adivinham o que a galera quer ouvir.

Com um repertório que vai de clássicos da música caipira como “Luar do sertão” e “Tristeza do Jeca” ao “Ai se eu te pego”, “Bem sertanejo — O musical” nasceu de uma série de documentários de mesmo nome que Teló e seu irmão e empresário Teófilo produziram para o programa “Fantástico”. As entrevistas e a cantoria com estrelas do sertanejo de várias épocas fizeram sucesso e se desdobraram num livro, do cantor com o jornalista André Piunti.

— Ficou a ideia de contar aquelas histórias como um show teatral e musical. Mas faltava o know how, vimos que não era tão simples assim — admite Michel Teló, que não demorou a receber uma proposta da Aventura Entretenimento e da Musickeria para tocar o projeto com o diretor Gustavo Gasparani, dos musicais “SamBRA” e “Samba futebol clube”. — Confesso que tinha um certo receio de fazer esse trabalho com um cara que não tinha a vivência da música sertaneja. Mas Gustavo me surpreendeu, contando a história a partir dos nossos colonizadores e pegando uns causos e a poesia do povo do interior.

Carioca “da gema e mangueirense doente”, Gustavo tinha, porém, uma ligação com o interior: até os 17 anos, ele passou as férias num sítio da família em Pedreira, interior de São Paulo.

— Fui estudar a história do sertanejo, li livros como “Música caipira: da roça ao rodeio” (deRosa Nepomuceno), “Cowboys do asfalto” (Gustavo Alonso) e o “Bem sertanejo” de André Piunti, e vi que essa era a história do Brasil. Me fascinou a riqueza da cultura sertaneja — conta ele, que passou a criar cenas a partir das músicas selecionadas por Teló, recorrendo também a textos de Cora Coralina, Manuel Bandeira e Guimarães Rosa. — A peça começa no fim do Ciclo do Ouro, com os tropeiros, que criam uma cultura do interior do Brasil. É um sertão mítico, o universo caipira, que eu mostro no primeiro ato do espetáculo. O segundo ato é mais lúdico, apresentando a trajetória do artista caipira até o circo pop multimídia que é hoje.

Foto de cena do musical “Bem sertanejo” – Lenise Pinheiro / Divulgação

No elenco, Gustavo incluiu atores de alguns dos seus espetáculos mais recentes. E também Michel Teló, que inicialmente iria só cantar.

— Ia deixar as coisas separadas, mas o Michel chegou querendo farra. Ele é um grande ator, as pessoas não o conhecem. Ele é engraçado, tem boas tiradas e muito carisma — elogia.

— Não sabia como é que eu ia entrar nesse universo teatral, mas foi divertido. Fui pedindo ao Gustavo para botar mais coisa para mim, estava querendo trabalhar! — confirma o cantor. — Me dei muito bem com os atores porque eles também são músicos. E músicos conversam com facilidade.

Com a banda de Teló, os atores-cantores-músicos e um pianista, o diretor musical Marcelo Alonso Neves encarou o desafio de mexer nesse repertório caipira, “um caldeirão de música europeia, indígena e africana” e juntá-lo ao sertanejo mais moderno:

— Minha função foi dar a essas músicas uma nova cara que fosse palatável para o público de hoje.

‘Foi um momento muito marcante e feliz para o sertanejo quando teve o primeiro festival Villa Mix no Rio (em novembro). Mas o Teatro Municipal é a maior barreira que quebramos.’ – ANDRÉ PIUNTI (Jornalista)

Já a cenografia coube a Gringo Cardia, artista que já trabalhou com meia MPB — o que inclui os sertanejos Leonardo e Chitãozinho & Xororó. Ele chegou ao “Bem sertanejo” e logo incorporou a arte da pintora modernista Tarsila do Amaral.

— A Tarsila fez a ponte entre o naïf e o moderno, ressignificando muita coisa que o brasileiro achava que era brega e ruim —justifica ele, que criou “um delírio pop” para o final do musical.

Para André Piunti, nascido em Campinas, o “Bem sertanejo” chega em momento de mudança na mentalidade da cultura oficial em relação ao popular gênero musical.

— Antes, as matérias de TV eram todas feitas por pessoas que não viveram o sertanejo, e a crítica musical tinha uma visão negativa dele. Isso, quando para a gente aquela era a melhor música do mundo! O sertanejo sempre esteve em alta. Nos anos 1960 com Tião Carreiro, nos 70 com Milionário e José Rico, e nos 80 com João Mineiro e Marciano. Era o que o campo ouvia— diz. — Foi um momento muito marcante e feliz para o sertanejo quando teve o primeiro festival Villa Mix no Rio (em novembro). Mas o Teatro Municipal é a maior barreira que quebramos.

— Nós, cariocas, fomos Corte durante muito tempo, e criticamos muito uma coisa que não é nossa — admite, por sua vez, Gustavo Gasparani, que pela primeira vez estreia um espetáculo no Municipal.

— É muito emblemático que essa chegada do sertanejo ao Rio aconteça nesse espaço que é tão antigo quanto a própria música sertaneja — arremata Luiz Calainho, sócio da Musickeria, que nos anos 1990 trabalhou com Zezé Di Camargo e Luciano na Sony Music.

Enquanto isso, Michel Teló avança. Além da nova temporada dos docs “Bem sertanejo”, que estreou ontem no “Fantástico” (“Agora é a vez de mostrar como cada estado brasileiro contribuiu para a música”, explica André Piunti), ele lançou na sexta o “Modão duído”, música com a dupla Maiara e Maraisa, a primeira de seu novo DVD, gravado em março em Curitiba. A temporada do espetáculo teatral “Bem sertanejo” acaba no começo de junho, para que ele possa seguir carreira.

— Mas vamos tentar achar uma agenda, muitas cidades ainda querem o musical — promete.

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Fonte: O Globo

 

 

 





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