Música que alegra e alivia a dor de crianças internadas
“Gostei da princesa, ela é muito bonita”, dispara o pequeno Gustavo Marçal, 4 anos, que não escondia a empolgação. Ele está internado há mais de 40 dias por conta de uma série de queimaduras pelo corpo.
“Meu filho não estava nem levantando, agora está brincando com o grupo. É um incentivo muito grande para as crianças”, emenda a mãe do garoto, Rosenilda Santos Marçal.
A princesa é cantora profissional. Myrthes Monteiro se juntou ao grupo pela primeira vez, ontem. A voz afinadíssima ecoava pelos corredores do hospital entoando temas infantis. “Sempre quis participar de um projeto como este, é muito bom usar a arte para alegrar as pessoas”, conta, satisfeita.
O grupo Bandalheira já firmou uma parceria forte com o Hospital das Clínicas e completa um ano de trabalho voluntário. Desde outubro do ano passado, os integrantes se apresentam em datas festivas, como Dia das Crianças, Natal e Páscoa. A variedade de instrumentos utilizada ontem era grande – trombone, saxofone, pandeiro, cavaquinho e chocalhos.
A ideia partiu do músico Dimi Zumquê, que há um ano estava com a mãe internada no hospital. “Se apresentar aqui é um grande barato, é uma ‘gasolina’ para a gente. Já venho bem e saio daqui ainda melhor após o contato com as crianças”, conta.
Composto por oito integrantes, o grupo acaba de ganhar o reforço do saxofonista Márcio Bá. O artista já trabalhava como voluntário em Sertãozinho em ação semelhante e estreou ontem no Bandalheira. “Viemos viver uma experiência incrível juntos, não viemos trazer algo de bom”, explica, com modéstia.
A fisionomia de Elaine Jarina, 37, mãe da paciente Bianca Marcela, de seis meses e meio, mudou totalmente com a chegada do grupo. “Dá vontade de sair cantando com eles. Isso quebra nossa rotina e levanta a autoestima das crianças e dos adultos”, diz Elaine, que “parou” a vida desde domingo passado para acompanhar a filha no hospital.
Maria Geni do Nascimento, 52, avó da pequena Taísa, 3 anos, se emocionou quando o CTI (Centro de Terapia Intensiva) recebeu os músicos. Nos últimos dois meses, ela acompanha a neta internada por conta de uma pneumonia. “Eles nos trazem energia positiva”, conta.
Trabalho ajuda o fortalecimento das crianças
A enfermeira-chefe do setor de pediatria do Hospital das Clínicas, Juliana Cardeal da Costa Zorzo, destaca que a apresentação do grupo exerce um efeito terapêutico sobre as crianças. “E tem outro detalhe: a música é um ingrediente que faz parte do desenvolvimento infantil”. A integrante do grupo Bandalheira Talita Magalhães se lembra de um caso em que um paciente estava há 28 dias sem conseguir falar e, após ser estimulado pela apresentação musical, começou a cantar. “Foi emocionante.” Além da apresentação, foi oferecido aos pacientes ontem bolo e refrigerante pelo Dia das Crianças.
Fonte: A Cidade – Via EPTV.com