Cantando em ritmo de rap o refrão “Sai do chão, sai do chão, o TCE é maneirão!”, dezenas de alunos de escolas da rede estadual de Nova Iguaçu, Queimados e Japeri encerraram nesta segunda-feira (20/10), na sede do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), suas participações na experiência-piloto do projeto ‘Contando com o TCE-RJ’. Em solenidade marcada pela emoção, os jovens estudantes deram um show de cidadania com a apresentação de trabalhos como uma peça de teatro, maquetes, vídeos, músicas e cartazes desenvolvidos a partir do conteúdo da cartilha em quadrinhos produzida pelo Tribunal. Em linguagem coloquial, o gibi fala da importância do controle dos gastos públicos e da preservação do patrimônio pago com os impostos da sociedade. Alunos e professores responsáveis pelos três melhores trabalhos foram premiados com tablets e câmeras fotográficas.

“O dia de hoje é inesquecível sob todos os aspectos. Luto por este projeto desde que assumi a presidência do Tribunal, em 2011. Conseguimos coloca-lo em prática, e o que vimos é impressionante. O projeto transforma as pessoas, os alunos aprenderam brincando. Vimos aqui uma lição de cidadania, de democracia participativa. Esses jovens agora vão reproduzir o que aprenderam. Sabem que podem e devem fiscalizar o dinheiro público, podem ajudar o TCE-RJ a fiscalizar”, disse o presidente do Tribunal, Jonas Lopes de Carvalho Junior.

O ‘Contando com o TCE-RJ’ tem a parceria da Secretaria de Estado de Educação e a experiência-piloto reuniu cinco mil alunos de 10 unidades da rede estadual localizadas em Nova Iguaçu, Queimados e Japeri (Baixada Fluminense) a grande maioria do Ensino Médio.

Entusiasta do projeto, o presidente Jonas Lopes anunciou, ainda na solenidade de premiação, a ampliação da iniciativa: “O projeto continua.

Nossa meta é chegar a todo o estado. A democracia só existe se for participativa”. O conselheiro destacou à plateia de estudantes, professores, diretores de escolas e agentes de leitura que o voto é uma conquista do povo, mas que é preciso exigir dos políticos que eles cuidem bem do dinheiro arrecadado com os impostos.

“Isso é fundamental e nos inspirou a fazer o projeto para levar cidadania com efeito multiplicador através de vocês. A verdadeira revolução neste País só se vai fazer pela educação”, ressaltou Jonas Lopes, que fez um agradecimento público à Secretaria de Educação, aos professores e estudantes. “Obrigado pela lição de cidadania que vocês estão nos dando hoje”, concluiu, com a concordância dos conselheiros José Maurício de Lima Nolasco e Julio Lambertson Rabello. O entusiasmo dos três foi compartilhado pelo procurador-geral do TCE-RJ, Sergio Cavalieri Filho, e pela diretora da Escola de Contas e Gestão (ECG), Paula Nazareth, também presentes à cerimônia.

Diretora de Articulação Curricular da Secretaria de Educação, Adriana Lessa representou o secretário Wilson Risolia e disse que a experiência-piloto “superou todas as expectativas” da secretaria. “Observamos uma reflexão mais profunda dos alunos sobre o papel do TCE-RJ e de como eles podem utilizar o órgão. Já existe uma fila de escolas querendo participar do projeto”. Para ela, o Tribunal vem ultrapassando a sua missão como órgão fiscalizador, “contribuindo cada vez mais para a garantia de um serviço público eficiente”.

Lançado em julho, o ‘Contando com o TCE-RJ’ tem como base a cartilha em quadrinhos desenvolvida pela Coordenadoria de Comunicação Social, Imprensa e Editoração do Tribunal. Com linguagem acessível aos jovens, a cartilha foi trabalhada de forma lúdica por professores e agentes de leitura, durante o mês de setembro. Os professores foram especialmente capacitados para a atividade pela Escola de Contas e Gestão do TCE-RJ.

A coordenadora-geral de Comunicação Social, Imprensa e Editoração, Fernanda Pedrosa, lembrou que a tarefa de achar um texto com linguagem acessível para explicar o trabalho da Corte de Contas não foi fácil. Mas o resultado do projeto-piloto compensou o esforço. “Buscamos uma linguagem jovem. E o resultado foi maravilhoso. Foram produzidos 174 trabalhos nesta fase. Fiquei impressionada com o modo como a nossa mensagem foi entendida. Estamos felizes de contribuir com a formação de cidadãos atuantes para nos ajudar na fiscalização da coisa pública”, observou a coordenadora.

Entusiasmo e consciência – Pelo lado de alunos, professores, diretores e agentes de leitura o entusiasmo não foi diferente. Eles chegaram cedo ao auditório de TCE munidos de instrumentos musicais, cenários, letras de música e muita alegria. Alguns vestiam camisetas com a logo do TCE-RJ, como demonstração do aprendizado. “Decidimos fazer isso para espalhar o que é o TCE”, explicava Lucas Honorato, 15 anos, aluno do Colégio Estadual São Cristóvão, em Queimados.

Em outro canto, juntavam-se Ewerthon Brenner, 16; Rafael Raulino, 17; Paulo Roberto da Silva Maciel, 17; Daniel de Araújo, 18; e Matheus Cavalcante, 17; alunos do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Comendador Soares, em Nova Iguaçu. Eles apresentaram uma canção pop inspirada nas funções do TCE. “Não sabíamos o que era o Tribunal e aí aprendemos e fomos fazendo a letra e a música. Pesquisamos muito”, contou Ewerthon. O grupo acabou por sacudir os presentes com seu balanço.

À frente de 36 estudantes de diferentes turmas do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual São Cristóvão estava o agitado professor Carlos Lycurgo. E não era para menos. Após cerca de 90 dias de escritas e ensaios, chegara o grande dia de apresentação da peça ‘Vivendo e aprendendo com o TCE-RJ’. E valeu a pena. Os jovens encenaram diálogos e ações para mostrar a importância de preservação da escola, do dinheiro público e do voto. Foram premiados em terceiro lugar e receberam duas câmeras fotográficas, uma delas destinada ao professor. “A criação foi toda deles. Textos, cenários, tudo. O projeto foi muito importante. E deve ser ampliado. Fizemos uma pesquisa com cem alunos e apenas cinco deles sabiam o que é o TCE-RJ”, revelou o professor Lycurgo.

Apaixonado por geografia, Thiago de Souza Silva, 17, não pensou duas vezes na hora de desenvolver seu trabalho no Ciep Hilda Silveira Rodrigues, em Nova Iguaçu. “Gosto de arte e geografia e quando a professora me pediu para desenvolver um trabalho pensei logo em fazer as maquetes”, disse o estudante, responsável pela confecção de duas maquetes, uma de uma cidade com serviços públicos bem organizados e fiscalizados e outra sem investimentos públicos. Morador de Cabuçu e filho de um pedreiro com uma dona de casa, Thiago conquistou o segundo lugar e um tablet.

A reconhecida timidez não impediu Thamires de Souza, 18, de idealizar o trabalho mais original da mostra e, por isso mesmo, premiado com a primeira colocação: um vídeo feito a partir de desenhos recortados, duas mãos em ação e uma boa narrativa explicando o papel do TCE-RJ e a importância da participação vigilante da sociedade. “Sou muito tímida e não conseguiria mostrar meu rosto no vídeo. Então, pensei nos desenhos para passar a mensagem clara e chamar atenção de adultos e jovens sobre o TCE-RJ e o papel dos cidadãos. Meu namorado me ajudou, são deles as mãos que aparecem chamando a atenção para os desenhos e a voz que dialoga comigo”, explicou Tamires, aluna do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Comendador Soares. Moradora da localidade Cerâmica Nova, em Nova Iguaçu, e filha de um padeiro e de uma faxineira, a jovem revelou que fez o vídeo com um celular. Agora, vai usar o tablet que ganhou para produzir novos vídeos. “Antes do projeto, eu nunca tinha ouvido falar do TCE-RJ. Foi importante saber”, reconheceu.

Após assistir as diferentes apresentações, o presidente Jonas Lopes agradeceu a participação de todos e não poupou elogios ao empenho de estudantes e professores. E não resistiu ao diálogo informal com a garotada. “Foi o maior barato. Pelo menos a minha vida hoje vocês mudaram. E tenho certeza que a de vocês também. Vocês deram um show de democracia e cidadania. Muito obrigado a todos!”, afirmou.

Fonte: Segs – Categoria Educação