Música está cada vez mais presente em todos os lugares; isso é bom?
Aplicativos para audição musical, como o Deezer e Spotify, criam seleções musicais para todos os momentos – com adesão de milhares de usuários. É o fenômeno das “playlists”: há músicas para estudar, cozinhar, limpar a casa e até para um parto ou enterro.
Para entender melhor os efeitos e consequências dessa vida com trilha sonora constante, o Correio B conversou com as pessoas que lidam diariamente com o excesso de sons.
ALERTA
A musicoterapeuta Maria Bernadete da Silva Pavão afirma que as canções têm capacidade de influenciar o ouvinte e suas emoções. Por vezes, de maneira inconsciente.
“A música pode tanto ajudar quanto atrapalhar e, às vezes, a pessoa não se dá conta”, reitera. “A questão de ritmo, melodia e até a letra causa influência, vai entrando no subconsciente. Se a pessoa não prestar atenção ao que estiver ouvindo, corre o risco de ter pensamentos e sentimentos que não queria”.
A especialista alerta que a música não está presente em todo lugar por acaso. Há motivos especifícos para cada situação. Por exemplo, restaurantes podem escolher melodias agitadas e rápidas para instigar os clientes, inconscientemente, a comerem mais rápido, liberando a mesa para novos consumidores. Supermercados tocam músicas agradáveis e calmas para que os clientes permaneçam mais tempo dentro da loja e, consequentemente, comprem mais produtos.
“É preciso estar atento”, recomenda Bernadete. “Perceba o que está ouvindo, observe o sentimento que isso te traz”, aconselha.
Um exemplo clássico de como a música tem influência sobre nossos pensamentos são as canções chicletes. A pessoa pode não gostar da música, mas ficará com ela na cabeça por dias.
ESTILOS
Porque existem pessoas que precisam de música até para momentos de estudo, enquanto outras só conseguem se concentrar com total silêncio?
“É relativo, depende do nível de consciência da pessoa”, explica a musicoterapeuta. “É preciso analisar cada caso individualmente. O que serve para um, pode não funcionar para outro”.
O atendente de caixa Fabio Chedeeck, 23 anos, se considera um ser humano “200% musical”, em suas palavras. Para ele, a música é essencial a todo momento. “Ouço música indo trabalhar, no trabalho, enquanto janto, fazendo caminhada, enquanto estudo. Me considero, às vezes, ‘dependente’”, diz.
Fabio conta que busca sempre escolher melodias que se adaptam ao seu estado de espírito. “Procuro sempre ouvir algo que faça sentido para mim naquele momento”.
Por outro lado, a assessora de imprensa Letícia Dantas, 22, vive completamente bem sem uma trilha sonora. “Não sou daquelas pessoas que fazem tudo com o fone no ouvido”, confirma.
Ela ainda pede bom senso da população, que, diariamente, utiliza dispositivos para tocar música alta em lugares públicos. “Pessoas que utilizam transportes coletivos e ficam escutando música no celular, sem o fone de ouvido, [isso] é falta de respeito”, exemplifica.
O estudante Aliff Balta Iahn, 22 anos, relata que escutava música antes mesmo de ter nascido. “Quando estava na barriga da minha mãe, ela colocava o fone de ouvido na barriga e eu ficava me mexendo”, conta.
Hoje em dia, ele está sempre com os fones de ouvido e utiliza os diferentes estilos musicais de acordo com seu humor. “Quando estou com saudades da minha mãe, escuto a música preferida dela e, quando estou animado, gosto das mais agitadas”, explica.
Apesar do gosto pelos sons, Aliff acha que muitas pessoas passam dos limites quando estão em público. “Acaba gerando um desconforto até porque nem todo mundo curte o seu estilo musical favorito”, reflete.
CAUTELA
Independentemente do seu estilo de vida, com ou sem fones de ouvido, é importante ter cautela na hora de escolher seleções de músicas para as atividades diárias.
“As pessoas escutam mais músicas durante várias atividades e é preciso sempre tomar cuidado, porque existem efeitos e consequências. É por isso que existe a musicoterapia”, finaliza Maria Bernadete.
Fonte: Correio do Estado