10/06/2016
Por: marketing

Engenheiro “chuta o balde” e busca democratizar a música com projeto na rua

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Com um diploma de música e outro de engenharia, Bruno Kioshi, 26, optou pelas ruas. Afinal, foi neste cenário que ele encontrou seu público, seus parceiros e sua arte. Baterista desde os 14 anos, Bruno trocou os instrumentos pelos baldes e há dois anos toca o projeto Kick Bucket, que leva o espírito de “chutar o balde” às ruas e parques de São Paulo.

O saxofonista Thiago Kim, 28, o tecladista Cid Ribeiro, 31, e o baixista Levy Santiago, 22, completam o quarteto que une o som dos baldes ao dos instrumentos tradicionais. Sem regras ou ensaios periódicos, eles conseguem improvisar e tirar o melhor do repertório 100% instrumental até mesmo quando falta um na banda, como foi no encontro com a reportagem do UOL.

“Tem coisa que eu acho no lixo. Andando na rua também acho muita coisa. Vou no ferro-velho, saio batucando em umas paradas. Vou testando”, conta Bruno, que aproveita seus conhecimentos em engenharia para montar novos instrumentos usando baldes, latas e até mesmo as moedas estrangeiras que ganham do público bastante eclético que circula pela maior capital do país.

“Tocar nas ruas é nossa forma de democratizar a música. Por mais que tenham vários centros culturais, a população ainda não está acostumada a buscar o acesso à cultura. O que faço é um trabalho de formiguinha. Se cada um fizer a sua parte, evoluímos”, explica Bruno Kioshi.

Uma das referências para o idealizador do Kick Bucket é Larry Wright, músico que se apresenta desde a década de 90 nas ruas de Nova York e pioneiro na bateria de baldes. “Vi um vídeo desse cara há muitos anos na internet e aí tive ideia de tocar com os baldes, Mas muito do que eu toco hoje são coisas que inventei.”

Mais fáceis de carregar que uma bateria, os baldes têm múltiplas funções além do som. Viram bancos, carregam objetos pessoais e armazenam as contribuições do público. Em uma sessão que dura cerca de duas horas, os músicos conseguem arrecadar de R$ 400 a R$ 1000. Grande parte do rendimento, porém, vem dos convites que surgem do público impressionado com o som tirado dos baldes.

Um destes convites partiu de Danielle Dahoui e Raí. A chef e o ex-jogador de futebol chamaram a banda para tocar na festa da filha mais nova, que aconteceu em um cenário inusitado: dentro em um cinema. “Foi engraçado ver o Raí carregando meus baldes e um monte de criança comendo pipoca e curtindo nosso som”, recordam.

As crianças, aliás, ficam fascinadas com a possibilidade de criar música a partir dos baldes. Bruno costuma aproveitar os intervalos das apresentações para passar as baquetas para os pequenos tirarem um som. “Muitas vezes é o primeiro contato delas com a música. É uma forma de plantar uma semente de curiosidade”, explica.

Para o futuro, o baterista tem vontade de ensinar crianças carentes de comunidades próximas ao bairro onde mora, o Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. “Tenho muitos amigos em Paraisópolis e também nos apresentamos em eventos culturais. Tenho vontade de montar uma escolinha e ensinar a criançada.”

A zona sul também trouxe inspiração para o primeiro disco da banda. Baseado em uma linha de ônibus que liga o bairro de Pinheiros ao extremo sul de São Paulo, “Term. Capelinha” será o nome do disco, previsto para agosto.

O repertório apresentado nas ruas vai de versões de “Olhos Coloridos”, de Sandra de Sá até “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana. Já o álbum será dedicado às músicas autorais, como “Piano Tutti-Frutti”, “Dance” e a própria “Term. Capelinha”,

“Encontrei na simplicidade desses objetos uma forma de mostrar que a arte depende muito mais da gente do que de ferramentas. Nas ruas, passo a minha mensagem e ainda faço as pessoas pararem e refletirem um pouco sobre a importância das nossas ações. A principal ferramenta que eu tenho é a vontade. Se a gente quer, a gente pode.”

Fonte: Musica Uol

 





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