Adolescente que teve paralisia cerebral se desenvolve na música e divide palco com Zé Neto e Cristiano
Hiasmyn Kyren Carvalho, de 15 anos, parou de ter crises de convulsão depois que começou a cantar. Ela luta para obter melhorias na associação onde ela é atendida desde os seis meses de vida.
A estudante Hiasmyn Kyren Carvalho, de 15 anos, foi diagnosticada com paralisia cerebral quando nasceu, mas fez da música a principal aliada no desenvolvimento dela e na superação das crises de convulsão, em Bela Vista de Goiás, na Região Metropolitana de Goiânia. A adolescente chegou a dividir palco com a dupla Zé Neto e Cristiano e afirma que, há três anos, não teve nenhuma crise convulsiva.
Hisamyn Kyren é atendida desde os seis meses de vida pela Associação Pestalozzi, na cidade, que presta assistência a mais de 100 alunos com algum tipo de deficiência. Ela luta para conseguir ampliar a unidade, para que mais pessoas possam ser beneficiadas. Aos 6 meses de vida ela começou a fisioterapia na unidade, o que ela avalia ter melhorado a coordenação e os movimentos do corpo.
“Melhorei bastante em questão de movimento, em questão da autoestima também, porque antes, quando eu era criança, eu andava praticamente torta. Eu entrei aqui e vi que aquilo ia melhorar para mim”, revelou.
A adolescente foi diagnosticada com paralisia cerebral aos 3 meses de vida. Desde então, a família sempre viveu em alerta, já que a menina tinha paradas cardiorrespiratórias e crises de convulsão constantes. Ao longo dos últimos anos, após ela ser iniciada na música e a prender a cantar, todos os sintomas foram suprimidos.
“Ela é muito determinada, muito esforçada. Tem uma visão de futuro que ela quer o que ela deseja”, afirma a professora Leila Oliveira.
A gratidão de Hiasmyn à associação é tão grande, que no seu aniversário de 15 anos, em abril deste ano, arrecadou dinheiro para comprar dois notebooks para a instituição.
Cura com a música
A mãe dela, a professora Edelita Carvalho, fala que à medida em que a filha foi mergulhando no universo da música, todos os problemas de saúde relacionados à paralisia cerebral foram parando de se manifestarem.
“A música foi substituindo as crises convulsivas. Ela foi, cada vez mais, se apaixonando pela música e as crises, graças a Deus foram cessando. Hoje ela está com 15 anos de idade e já têm três anos que ela não tem crise convulsiva. Uma criança que nasceu com paralisia cerebral, conseguir cantar da forma como ela canta. Eu acredito que a missão dela está ligada a isto.”
“A bandeira que ela defende, da pessoa com deficiência, que pode ultrapassar limites, que pode alcançar objetivos, que pode sim sonhar, pode se concretizar estes sonhos”, disse a mãe.
A avó dela, Valdevina Gonçalves de Oliveira, afirma que o sonho de ser cantora já permeia a família há três gerações. Ela afirma que não conseguiu ser cantora, o sonho passou para a filha, que acabou não conseguindo e, agora, ela acredita que Hiasmyn concretizou o desejo familiar.
“Isso aí é uma inspiração que veio desde o meu tempo, porque eu também queria ser uma cantora, mas eu não tive oportunidade. A Edelita também a mesma coisa, mas eu não dei conta de ajudá-la, e agora Hiasmyn, a mãe dela disse ‘mãe, já é a terceira geração, será que vai ser igual nós duas’, e eu falei ‘vamos ver o que a gente pode fazer. A gente dá o maior apoio para ela porque, para nós, esta menina viveu de novo”, disse a avó.
A professora Layla Nogari, que dá aulas de música para a adolescente, conta que aprende mais do que ensina.
“A facilidade que ela tem em memorizar e aprender a melodia. A Hiasmyn pegou uma música que saiu ontem, hoje ela já sabe a letra, sabe tudo. Ela chega e fala ‘tia Leyla, a senhora está aprendendo comigo as músicas né?’. Aí eu falo ‘as novas, sim’”, disse.