Audiência pública debate a inserção da música no ensino básico
A Universidade do Estado do Pará (Uepa) recebeu segunda-feira (24) a etapa regional Norte das audiências públicas que a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE) promove em todo o país para operacionalização do ensino de música na rede de educação básica. A inclusão do tema no currículo escolar está prevista na Lei 11.769 desde 2008. Um levantamento das especificidades educacionais e musicais de cada região vai basear o parecer que norteará as diretrizes legais da disciplina.
Em Belém, a discussão foi conduzida pela Câmara de Educação Básica –representada pelos professores da Uepa Malvina Tuttman e Luiz Roberto –, em parceria com a Uepa, Universidade Federal do Pará (UFPA) e Associação Brasileira de Educação Musical (Abem). “A música é importante para a formação do cidadão, para a formação da sensibilidade. As artes em geral devem fazer parte da educação”, afirmou Malvina Tuttman.
Ela explicou que o objetivo do CNE é que a pauta seja construída por todos os agentes engajados na melhoria da educação brasileira, reconhecendo a importância da diversidade cultural e musical do Brasil. “O Conselho Nacional de Educação não trabalhará sozinho; por isso estamos aqui, para ouvir as diferentes vozes, entender as especificidades de cada região, discutir a educação e a partir disso assumir um compromisso com a educação do Brasil, para que, a partir dessas audições, possamos regulamentar a matéria”, afirmou.
O presidente da Abem no Pará, Ruy Henderson Filho, que é professor da Uepa, disse que a audiência é importante porque ela tem a intenção de ouvir as demandas, ideias, assim como coletar as experiências dos representantes da região Norte no que diz respeito às práticas de cada Estado no ensino de música nas escolas. “A partir desse debate será possível determinar de que forma será melhor implantado o ensino de música nas escolas, respeitando-se a diversidade cultural de cada região”, defendeu.
A Pró-reitora de Extensão da Uepa, Marize Duarte, destacou a importância do debate. “As audiências nos possibilitam falar, dar opinião e expressar ideias em relação ao nosso sistema de formação com a inclusão da música no currículo do ensino de jovens e adolescentes”, afirmou.
Método – Durante a manhã, os trabalhos prosseguiram com a apresentação das experiências dos Estados do Pará, Amazonas, Acre e Tocantins na implementação de aulas de música nas escolas. Representante da Seduc de Tocantins, Idelma Bastos apresentou experiências em duas esferas, uma estadual (no ensino médio) e outra municipal (no ensino fundamental). Em relação ao ensino médio, a música é disciplina optativa. O aluno tem contato com a matéria durante três horas semanais. O objetivo é iniciar o estudante na linguagem musical, e não formar músicos, enfatizou. Dentre as principais dificuldades relatadas, está a falta de profissionais qualificados.
O problema se repete também no ensino fundamental daquele Estado. Segundo a professora Cleizenir dos Santos, apesar das deficiências, já há algumas escolas de tempo integral que têm a música como disciplina. “Em nossa escola temos fanfarra, coral e agora orquestra sinfônica. São várias atividades. A música na escola deu um outro ar, mudou a postura dos alunos, que são bastante participativos e engajados”, disse.
No Acre, a realidade do ensino de música também tem os enfoques estadual e municipal. O trabalho parte de iniciativas não formais, muitas vezes em apoio a grandes programas educacionais que ocorrem com oficinas e workshops. Há também o processo formal, por meio da Escola de Música do Acre (Emac), vinculada à Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour. A Emac é responsável pela formação, extensão, difusão e valorização da música na comunidade acreana.
Representante da Seduc do Pará, Antônio Cunha demonstrou o quanto as raízes musicais paraenses são profundas, num Estado que tem tradição na formação de artistas eruditos e populares. Ele salientou que o suporte do ensino da música nas escolas é a própria cultura do povo, musical por natureza. Ele defendeu a formação de bandas de músicas nas escolas. “Com as bandas faremos com que os alunos leiam, estudem a teoria musical”, afirmou.
Fonte: Agência Pará