10/02/2016
Por: marketing

Exclusivo: “Cautela é amor, mas também te põe pra baixo”, diz Criolo

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Em 2006, ainda sob o nome de Criolo Doido, Kleber Cavalcante Gomes lançava seu álbum de estreia Ainda Há Tempo. Só agora, dez anos depois, o rapper de 40 anos fará uma curta turnê do disco. A abertura rola nos dias 3 e 4 de março, no Bar Opinião, em Porto Alegre, e Criolo recebeu oVirgula em seu escritório para falar com exclusividade sobre o novo show.

 “Eu enxergo que cautela também é amor, mas também te põe pra baixo, dependendo de como a pessoa se expressa. Pra quem está preparado para não ser feliz, é muito duro a gente falar que é possível felicidade”, afirmou na entrevista.

Ouvindo o disco, surge o Criolo antes de virar um artista reconhecido internacionalmente, com Nó na Orelha e Convoque Seu Buda. Famoso pela musicalidade fluida, capaz de aproximar referências de samba, música nordestina e MPB com afrobeat, ethio-jazz e o que mais vier pela frente, o Criolo de 2006 era 100% rap, mas ali já se percebia seu flow característico, livre de formas e temas, sarcástico, apesar de mais duro, como era de se esperar de um cara da quebrada beirando 30 anos e sem muitas perspectivas.

Na série de shows, que tem direção do produtor Daniel Ganjaman e os DJs DanDan e Marco, com projeções de Alexandre Órion, Criolo retorna ao formato clássico do hip hop.

“Se um cara passar na rua e dizer, esse cara é um otário, eu sou. Porque na verdade dele, na construção de tudo que ele traz dele, culturalmente e dos valores dele, eu sou. Se um cara falar, pô, esse cara lutou, lutou e tá aí, tá batalhando, eu sou esse batalhador”, afirmou na conversa.

No momento mais “Alguém nos ajude, Lázaro”, Criolex filosofou: “Agora, desse quintal que é tão efêmero, eu sou o que você achar que eu sou. A construção que o seu olhar faz naquilo que se debruça. Então nós somos o início e o fim, cara, nós somos nada. Nós somos uma tela em branco e o olhar do outro que pinta essa tela. Mas às vezes a gente está tão preocupado com essa tela, que a gente não se preocupa com o marceneiro que fez a moldura e na moldura que tá o lance. Tá a parada toda. Que foi esse marceneiro que fez essa moldura linda a gente tá aqui discutindo qual é a tela mais louca e quantos milhões ou quantos cents vale uma tela e toda história de vida de um artesão brasileiro passa batida”.

 





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