Jovem baiano se projeta no circuito erudito nacional
Maestro Yuri Azevedo é regente assistente da Orquestra Experimental de Repertório de São Paulo
Nem Caetano Veloso na época da Tropicália, nem o maestro venezuelano Gustavo Dudamel. Yuri Azevedo não precisa de comparações. Com apenas 23 anos, o jovem regente baiano tem trilhado uma caminhada de sucesso no mundo sinfônico.
Dentre as conquistas, no ano passado, após vencer um concurso, Yuri Azevedo tornou-se o novo regente assistente na Orquestra Experimental de Repertório da Fundação Theatro Municipal de São Paulo, passando a trabalhar com pessoas como Carlos Eduardo Moreno e John Neschling, respectivamente, regente titular e diretor artístico da Orquestra.
Prodígio
Quando criança, Yuri lembra que sempre gostou muito de música, e, particularmente, música clássica. “Eu ouvia, buscava coisas que se relacionassem à música clássica”.
Sua primeira experiência real com a música foi os 13 anos, quando o jovem se inscreveu em uma oficina de percussão oferecida pela Ufba. E aos 17, Yuri Azevedo já era percursionista no Neojiba.
O rapaz recorda-se, vagamente, que não cursou mais que um ano da graduação em Música Instrumental na UFBA. “Eu larguei a vida acadêmica porque oportunidades foram surgindo, como, por exemplo, o Festival de Campos do Jordão em 2010, e acabei indo trabalhar mesmo”, explica.
Trabalho
Em 2012, após vencer o prêmio Eleazar de Carvalho do Festival de Inverno de Campos do Jordão (evento em que volta a se apresentar este ano, a partir de 4 de julho, regendo a Camerata do Festival, formada pelos alunos com bolsas parciais), Yuri Azevedo ganhou uma bolsa de US$ 1.400 para poder estudar em Baltimore, nos Estados Unidos.
No entanto, resolveu utilizar a bolsa para fazer masterclasses e cursos em temporadas na Europa. Yuri foi à Itália para ter aulas com Isaac Karabtchevsky (maestro brasileiro e referência fundamental para Yuri); viajou em turnê com a grande Orquestra Jovem da União Europeia; e usou o restante da bolsa, ainda quando morava na Bahia, para estudar em São Paulo.
O regente explica que, para quem está começando agora, a palavra principal de qualquer músico é trabalho. “É abdicar de algumas coisas e se lançar ao trabalho. E, logicamente, procurar fazer o melhor sempre”, aconselha Yuri.
De São Paulo à Grécia
Sobre a cidade em que atualmente vive, o músico dispara: “São Paulo é um centro cultural muito importante para a América Latina. O cenário para arte e cultura, em geral, é muito melhor do que em qualquer lugar do Brasil e até mesmo do que muitos lugares na América do Sul”.
Este ano, a convite da Orquestra Jovem da União Europeia e do maestro Marshall Marcus, Yuri Azevedo esteve na inauguração da Orquestra Jovem de Tessalônica, na Grécia. “Foi uma experiência muito boa: aprendi bastante com os meninos e ter contato com a cultura grega que, no fim, é a cultura de todos nós ocidentais, é fundamental”, conta.
Crítica
Sobre o cenário sinfônico da Bahia e do Nordeste, Yuri explica que esses ainda são pequenos e, apesar de ter grandes músicos, professores e “heróis”, é importante para o jovem músico sair do eixo de cá para se aventurar e experimentar coisas novas.
Para o rapaz, a cultura, no Brasil e na Bahia, infelizmente, nunca têm o destaque que merece. “Se há uma crise, um dos primeiros cortes será na cultura”, lamenta. Yuri diz não ter enfrentado ainda dificuldades por falta ou ganho de verbas governamentais. “Tive muita sorte até agora, né?”, brinca o jovem regente.
Fonte: A Tarde – Uol