23/02/2015
Por: marketing

Martha Ocon fala de projetos e do musical “Ó do Borogodó”

29fa3a26-4a85-4523-b213-68b03fdf454cO musical “Ó do Borogodó” surgiu em um sonho de Martha Ocon. Era tudo montadinho e perfeito para ser apresentado no Teatro Municipal Aniz Pachá. Em quatro edições, de 60 músicos, o último contou com a participação de mais de 130 músicos, dançarinos e cantores.

O público também cresceu, com a última apresentação, mais de 450 pessoas prestigiaram o musical com o tema da “Primavera”.

Em 2015, o musical volta com a grande parceria do CPP, Associação Dell’arte, a OSCIC (Orquestra Sinfônica Comunitária de Inclusão de Catanduva) para falar sobre os quatro elementos da natureza, com teatro, música e dança. A apresentação está prevista para o próximo dia 13 de março, com repertório que irá homenagear as Divas da música brasileira.

Martha Ocon se interessou pela música aos nove anos, quando aprendeu a tocar violão com a família. A dificuldade em aprender música, principalmente violão e canto, a fez procurar por aulas particulares e o apoio da internet. Martha também foi uma das responsáveis pelo projeto de corais realizado por uma usina de Catanduva. Atualmente, ela se dedica ao coral do CPP, que está há sete anos ‘na estrada’, e é formado por 15 professores.

Entre as realizações para 2015, Martha pretende fazer com que Catanduva seja um roteiro cultural e turístico, levando apresentações teatrais e musicais de qualidade para o público local e da região. Neste projeto ela já deu o primeiro passo.

Na entrevista de hoje, Martha conta como começou com o musical do “Ó do Borogodó” e dos projetos já realizados com o CPP.

 

O REGIONAL – Quando você se interessou pela música?

Martha – Na minha época, quando eu tinha nove anos, não tinha conservatório de violão, apenas no Rio de Janeiro, nem em São Paulo tinha. Eu queria violão, minha família inteira tocava, mas ‘de ouvido’. Consegui um professor em Ibitinga, tive algumas aulas, mas depois ele foi embora, porque conseguiu uma proposta de emprego melhor.

A partir daí, quando eu saí de lá, comecei a ter contato com outros músicos. Naquela época era muito difícil ser formado em Música. Nem havia aulas de canto. Os professores que eu tive foram todos particulares.

 

O REGIONAL – Como você driblou a dificuldade de estudar música e canto?

Martha – Eu queria o canto, estudá-lo a fundo, e foi a internet que me deu isso. Principalmente no que ela faz nas pessoas, psicologicamente. Por exemplo, o coral do CPP é formado por pessoas de 60 para cima, e a diferença e a mudança deles é incrível. Quando eu tinha uma turma na Estação Cultura, tinha uma senhora que tinha um problema sério na cabeça e no período de um ano a música fez tão bem a ela, que ela nem tinha mais aquelas crises na cabeça. Então a música é um tratamento.

 

O REGIONAL – Ultimamente, grupos da região têm apresentado musicais consagrados, o que você acha sobre essas apresentações?

Martha – O que eles fazem, reproduz o que já tem. Como os espetáculos “Rei Leão”, “Tarzan” adapta e traz para o interior, porque ainda não temos estrutura para esses espetáculos longos e grandes. Eu acredito que o pessoal desses novos grupos estão estudando mais, na minha época o pessoal não gostava tanto. Você chegava para músico antigo para ensaiar e ele dizia: “hum, ensaiar? Não odeio ensaio”. A moçada de hoje, se deixar vai respirar 24 horas de música, vai cantar. Até quando eu chamo o pessoal, tenho que fazer até lanche, porque passamos o dia todo.

Os grupos ainda não estão acostumados com espetáculos longos, como o de ópera, que chega a durar três horas. Um itinerante que veio no Teatro Municipal recentemente, de graça, e não chegou a uma hora. Fiquei maravilhada, porque traduziu tudo. É bom que venha esses espetáculos porque precisamos de cultura.

 

O REGIONAL – Como veio a ideia de fazer o musical “Ó do Borogodó”?

Martha – Eu não consigo idealizar o musical fora do Teatro, porque o local te dá tudo, mas por exemplo, fui a outros teatros e tem toda a infraestrutura. Se fosse em outro local, teríamos que fazer uma adaptação para o local. O musical não tem intervalos, mas tivemos que nos adaptar a cada apresentação, porque o público aplaudia a cada apresentação. A primeira apresentação arrecadamos leite. O pessoal perguntava o porquê de graça, mas para o professor não importa o quanto ele ganha, mas sim o quanto os seus alunos participam.

O projeto começou em janeiro do ano passado, com o tema das “Quatro Estações” e iniciamos com o “Verão”. Em abril demos continuidade o de “Outono”. Em julho foi com o tema “Inverno” e em outubro foi o da “Primavera”.

Não estavam nos nossos planos, mas a pedidos da população fizemos um especial de Natal, que foi diferente. O de Natal era uma peça e que nós cantávamos ao fundo e a turma da Associação Dell’arte entrava no palco para interpretar. Estamos com essa proposta de voltar em abril, pois o espetáculo ficou ‘em aberto’.

Começamos com 35 alunos, então entrou mais 30, e fomos em mais de 60 pessoas na primeira edição. E de julho foi para 130 e em outubro/novembro entrou um pessoal de dança e no final entrou companhias de dança, da OEDA, da Dell’arte. O teatro ficou pequeno e foi ótimo, e nas redes sociais o pessoal gostou, foram sabendo que eram alunos e se surpreenderam.

 

O REGIONAL – Quais as novidades para o segundo ano do Musical?

Martha – A segunda edição do musical será sobre os quatro elementos: “Água”, “Ar”, “Fogo” e “Terra”. Para a primeira apresentação do ano já temos o tema que se passará em uma estação de trem. Quero montar uma cena em cima do palco e o pessoal já está trabalhando nisso.

Neste ano pretendemos fazer seis apresentações, contando o Ó do Borogodó e as apresentações na Páscoa e de Natal.

No começo tivemos a notícia de que o Teatro ia ser reformado e não podia pegar nada. Mas como deu uma brecha, já peguei uma data. Mas tínhamos a ideia de fazer no Sesc, que se assustou com o projeto, que é grande.

Sobre as apresentações de final ano, ainda será definido. Porque nesta época de final de ano o coral é chamado para diversas apresentações. Como a marchinha, então, sempre somos chamados para nos apresentar em outras cidades, no shopping, com a orquestra. No mínimo cinco apresentações.

 

O REGIONAL – Há quanto tempo você está a frente do CPP? Como é a relação entre vocês?

Martha – O CPP está há sete anos e é formado por professoras aposentadas. Elas cantam para relaxar, mas eu que coloco fogo nelas de ir a outras cidades, e elas são piores do que eu (risos). E virou uma família, e rende, porque elas aprenderam música, cantam e saímos para nos apresentar em outras cidades, como Tabapuã, Novo Horizonte, entre outras cidades. Atualmente, estou com 15 alunas, mas chega a 20. No final de ano, no mínimo, fazemos 12 apresentações. Elas fazem aquecimento vocal, dão ideias de repertório e aprendem as novas músicas, o tempo e o tom.

Na primeira apresentação do Ó do Borogodó, elas vão se apresentar e já estão ensaiando as músicas da cantora Elisete Cardoso.

Por dois anos estamos sendo convidadas para um navio de corais e no ano que vem elas vão. Vamos ver se eu vou perder o medo e ir (risos). E serão quatro dias de trabalho intenso, porque são grandes nomes ensinando em workshops. E isso foi um prêmio para a gente, porque nos viram pela internet.

 

O REGIONAL – Como a região tem visto os projetos culturais que tem sido realizados em Catanduva?

Martha – Catanduva está sendo bem comentada nesse ponto. E vemos isso na OEDA, que começou pequena e hoje é uma das maiores orquestras inclusivas. A vinda do maestro Carlos Moreno foi um grande acontecimento, pois quando você vê uma pessoa com um currículo como dele vindo para Catanduva, para apresentar um workshop, curso com os músicos. O coral aprendeu com ele, movimentos e compasso e uma linguagem nova. Ele estudou em projetos sociais, ele tem essa visão e bateu com a ideia dele.

É muito importante trazermos para Catanduva, porque é como o turismo. A minha ideia é colocar Catanduva como um roteiro cultural, então ter o espaço para que o público pode visitar Catanduva, num domingo, por exemplo, para ver uma peça. Isso vai fazer com que a cidade cresça. E no Borogodó teve isso, que reuniu 100, 300, 450 e no final teve pessoas em pé.

 

O REGIONAL – O que falta para que a cultura se firme na cidade?

Martha – A mudança da cabeça dos governantes e de qualquer pessoa. Tudo começa com sonho, mas eu dei o primeiro passo. Juro que não esperava que fosse esse ‘boom’, e o pessoal quer isso, quer aprender. Está faltando o ‘querer’ dos governantes. Por isso que falo que eu, Misael e o Back somos os três loucos, temos as ideias pela internet, WhatsApp, no supermercado, tomando café.

 

QUEM É – Martha Ocon

Natural de Ibitinga, Martha Ocon começou a se dedicar na música aos nove anos, quando começou a tocar violão. Atualmente é Educadora Social e realiza diversos trabalhos voluntários, como o CPP e o musical Ó do Borogodó (em parceria com a Associação Dell’arte). Considera uma pessoa sonhadora.

Fonte: O Regional

 





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