O Museu de Instrumentos Musicais, uma experiência como nenhuma outra
O Fala Fil conversou com Erin Miller, Relações Públicas do Museu de Instrumentos Musicais em Phoenix, no Arizona. Como eles costuma dizer, o Museu é uma joia construída no meio do deserto.
Desde de 1º de Agosto o Museu tem um novo Presidente, Carrie Hernoren.
Abaixo, leia a íntegra da entrevista exclusiva concedida ao Fala Fil
O Fundador do Museu, Robert Ulrich é um grande colecionador de arte e apaixonado por Museus, mas ironicamente ele não é o grande amante da música. Como tudo isso aconteceu?
Não estou certo se sua declaração está totalmente correta. Eu posso dizer que muitas pessoas ficaram surpresas que Bob tenha criado um Museu dedicado a Instrumentos Musicais, sendo que ele não é Músico e também não colecionava Instrumentos.
Ele estava conversando sobre a compra de uma obra Impressionista para um Museu em Minneapolis, quando pela primeira vez aventou a hipótese de fundar um Museu. Um amigo disse a ele que pelo mesmo valor dessa obra impressionista ele poderia criar seu próprio Museu.
Como surgiu a ideia de criar o Museu?
A ideia de criar o MIM surgiu quando Robert Ulrich e seu amigo, Marx Felix visitaram o Museu de Instrumentos Musicais em Bruxelas, na Bélgica. A visão original era criar um Museu que seu acervo pudesse apresentar em igualdade de condições, Instrumentos Musicais e Música de todas as partes do mundo.
Quais os objetivos do Museu?
O MIM objetiva colecionar, preservar, tornar acessível o contato com Instrumentos Musicais de alta qualidade, expor imagens e apresentar a Música de todos os países do mundo. Nós celebramos a diversidade mundial de culturas musicais e promovemos um melhor entendimento sobre a Música ao oferecer aos nossos visitantes uma incomparável experiência interativa num ambiente divertido, dinâmico com apresentações musicais excepcionais.
Bob Ulrich, o fundador do Museu diz que “O objetivo do MIM é iluminar aquilo que é único sobre as diferentes culturas e também compartilhar o que é comum e universal”, também ele diz que “O Museu proporciona uma experiência como nenhuma outra, permitindo que músicos amadores, iniciantes, profissionais, turistas, estudantes, crianças e seus familiares, possam ouvir, ver e sentir a força poderosa da Música de uma maneira totalmente nova”.
Fale um pouco sobre o acervo do Museu. Quantas peças vocês têm e como o acervo está organizado?
No momento, temos expostos uma coleção de cinco mil Instrumentos. Algumas dessas peças ainda estão sendo colocadas nos seus lugares corretos, principalmente em razão da sua origem. Muitos Instrumentos têm sido doados por quem os construiu, por Músicos ou por seus proprietários.
Outros Instrumentos foram criados por Artesãos especialmente para o MIM. Outros foram comprados de colecionadores ou de coleções particulares. Muitos especialistas têm nos auxiliado na pesquisa e na aquisição desses Instrumentos, algumas vezes viajando para lugares extremos e até regiões de grande instabilidade.
Nosso acervo está organizado por regiões e temos foco em cinco principais regiões: Africa e Oriente Médio, Asia e Oceania, Europa, América Latina e Carine, Estados Unidos e Canadá.
Há também espaços especiais de exposição, como a Target Gallery, que abriga exposições temporárias especiais, a Galeria do Artista, que inclui instrumentos e artefatos musicais que estão associados com alguns dos principais músicos do mundo.
Outros espaços, tais como: The Experience Gallery, um espaço único onde os visitantes podem tocar e manusear instrumentos que eventualmente estão expostos no Museu. A Orientation Gallery, que oferece aos visitantes uma rica diversidade de materiais e novas formas de se relacionarem com os Instrumentos Musicais.
Como foi construído o acervo?
O acerto total do Museu com mais de 15 mil peças e foi adquirido nas diversas partes do mundo onde foram produzidos e por isso têm grande relevância cultural. Tivemos a consultoria de cinco grandes curadores, assim como fomos assessorados por grandes especialistas em Música e Instrumentos Musicais de diversas regiões e culturas, assim como experts em outros campos da Música… Tudo isso sob a supervisão de nosso Diretor Presidente Dr. Bill DeWalt.
Todos os Instrumentos foram selecionados em razão de sua construção, criação, fabricantes, procedência ou sua conexão com Músicos extraordinários.
Qual a peça mais antiga?
Uma das galerias do Museu, a Orientation Gallery, tem exposto um Paigu (uma ampulheta-tambor) que tem sua origem no período Neolítico Chinês. Foi encontrado perto da Vila de Banpo na provincial de Xi’an. Estimativa-se é que ele tenha sido criado entre o ano de 5000 e 4000 antes de Cristo. A pele do tambor, provavelmente foi feita com pele de sapo ou cobra.
Com relação a Instrumentos criados no Ocidente, temos um carrilhão de seis sinos produzidos na Bélgica pelo renomado Pieter Hemony. Um dos sinos exibe a data de 1659.
Qual a peça mais curiosa?
Os visitantes do Museu podem encontrar muitos Instrumentos interessantes e curiosos. Entretanto, nossas pesquisas mostram que a sala dedicada a Steinway é a sala na qual os visitantes passam mais tempo, com o objetivo de acompanhar o processo de fabricação de um piano.
Além de possuir um incrível acervo, vocês também devem se orgulhar muito das instalações do Museu. O projeto arquitetônico é fantástico e realmente é uma joia construída no meio do deserto. Fale-nos um pouco sobre o projeto do Museu.
São aproximadamente 20 mil m² divididos em dois andares, organizados por galerias, um estúdio, um teatro para 300 lugares, salas de aula, jardim, café e uma loja de souvenires.
Foi projetado pelo premiado Arquiteto Rich Varda. No projeto, os Arquitetos levaram em consideração a topografia do lugar, assim como procuraram expressar o papel universal da Música em todas as culturas e lugares.
Além das exposições, quais outras atividades são desenvolvidas pelo Museu? Algum programa social?
O Museu é uma instituição sem fins lucrativos fundada e mantida totalmente com recursos privados.
Nosso Departamento Educacional desenvolve diversas atividades e além de outras coisas, é responsável por organizar visitas de escolas e estudantes. Desde que esse programa foi implantado em Outubro de 2010, já recebemos cerca de 50 mil estudantes e professores.
Brasil é mundialmente reconhecido pela sua música e ritmos. Como o Brasil está representado no Museu?
Brasil está representado através de uma exposição que apresenta sua grande variedade de Instrumentos Musicais: O Bandolim, o Berimbau, Pandeiro e as Matracas estão entre as peças do Museu.
Em Março de 2012 realizamos o evento “Experience Brazil”. Um evento com um vibrante e colorido figurino, uma forte percussão cheia de energia, capoeira e a autêntica cozinha brasileira. Uma total imersão na cultura brasileira.
Também diversos artistas e músicos brasileiros já se apresentaram no MIM. A cantora Céu se apresentou em junho do ano passado e Luísa Maita em Outubro.
O Museu tem uma área totalmente dedicada a renomados Músicos, como Santana, Eric Clapton e The Black Eyed Peas, entre outros. Algum Artista colaborou no desenvolvimento do Museu?
Temos uma área que presta homenagem a grandes Músicos, Fábricas e Artistas. Dentre outras peças, vamos destacar algumas:
O piano Steinway no qual John Lennon tocou e compôs “Imagine”;
Um espaço que celebra as três décadas da carreira de Elvis Presley;
Uma guitarra Yamaha com ícones do budismo, feita sob encomenda para o Santana;
Uma guitarra Gibson ES-345 de 1960, que pertencia ao Eric Clapton;
A guitarra Gibson Johnny Smith com a qual George Benson gravou Breezin e tantos outros sucessos;
Uma das guitarras de Paul Simon;
Flautas de R.Carlos Nakai, um artista Norte Americano vencedor de diversos Grammys;
A bateria do Keith Harris, baterista do Black Eyed Peas;
O primeiro piano Steinway, fabricado na cozinha da casa de Henrich Engelhard Steinweg em Seesen na Alemanha, em 1836.
Qual a experiência que o Museu deseja transmitir aos seus visitantes?
O Museu, através de sua enorme coleção, se caracteriza por apresentar uma perspectiva global da história da música, como nenhum outro Museu. Com isso, desejamos que os visitantes tenham uma experiência imersiva sobre a Música.
Tudo isso também é apresentado através de áudio e vídeo, o que permite ao visitante experimentar e viver a cultura musical de cada país.
Fonte: IG