21/10/2013
Por: abemusica

Quando as crianças ouvem e dançam ao som da música dos adultos acontece o Big Bang

O mundo da música está a descoberto na 4.ª edição do festival de música e aventura para crianças que arrancou ontem no CCB


Instrumentos improvisados, sons que fazem música e dedos no ar. Muitos dedos no ar, acompanhados de muitos “eu, eu, eu”. É o assim o Big Bang, Festival Europeu de Música e Aventura para Crianças, que começou ontem no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa. São muitas as crianças e todas querem participar nos espectáculos e actividades, que lhes mostram que a música dos adultos também pode ser para elas.

“O Big Bang faz as pessoas mais novas e as crianças mais importantes.” É a descrição que acompanha o programa da edição deste ano do festival e que faz sentido quando olhamos para as crianças a partilharem a experiência da música com os seus professores, como se todos tivessem a mesma idade. E falamos de professores porque ontem o dia foi dedicado às escolas, enquanto hoje é para as famílias. As palavras são mesmo de um pai, Hugo Freitas, que no ano passado levou o seu filho de quatro anos ao festival.

Quatro anos é a idade mínima recomendada para as actividades e por lá, ontem, já se divertiram muitas crianças pequeninas, que ainda acreditam que ali estão em casa dos artistas. Quando tão pequeninos entram na sala do Foyer Sophia de Mello Breyner a acreditar que vão acordar Rita Redshoes – disseram-lhes que a cantora estava ali a dormir – entram muito caladinhos e ainda mandam calar os amigos mais distraídos. “Para acordar a Rita têm de ligar uma luz”, diz-lhes a responsável do CCB, à medida que eles vão entrando no quarto escuro, apontando para um aparelho electrónico cheio de bolinhas a piscar. Por trás de um pano preto surgem duas mãos, de luvas brancas. Ora de um lado, ora de outro. Ora a tocar um instrumento, ora a tocar outro. As cabeças rodam pela sala, sempre à espera da próxima surpresa. “Está ali”, “olha, olha”, “uau”, dizem algumas, sempre, claro, num tom baixinho. Até que Rita Redshoes acorda e surge por detrás do pano e as crianças rendem-se. Estão mais atentas que nunca, como que embaladas pela música. Apenas 15 minutos depois e Rita Redshoes volta a dormir e as crianças saem da sala no mesmo silêncio em que entraram. Algumas estão desejosas para falar sobre aquilo que acabaram de ver mas há sempre um “xiu” a sair da boca de outras que não querem incomodar o descanso da cantora.

“O Quarto dos Músicos é uma experiência que já vem de outras edições e funciona quase como um laboratório iniciático para outros projectos”, explica ao PÚBLICO Madalena Wallenstein, responsável da Fábrica das Artes do CCB, dando como exemplo os Sete Lágrimas. “Estiveram cá no ano passado num destes quartos e este ano já têm um projecto maior que é um concerto”, diz Wallenstein, referindo-se a Diáspora: agora vou de fugida (hoje às 12h e às 15h30). “É um espectáculo lindíssimo, uma viagem através da música com instrumentos da época antiga e músicas dos cinco continentes”, continua a responsável, referindo que talvez para o ano Rita Redshoes ou a pianista Joana Sá, que está noutro “quarto”, possam seguir os mesmos passos.

“O festival parte do pressuposto de ter uma oferta artística para crianças com música e artistas que normalmente são para adultos”, explica Wallenstein, destacando ainda a componente pedagógica e educativa do festival, a partir do contacto com os artistas. “Aqui não há palavras, ninguém explica nada a ninguém, o Big Bang é uma experiência criativa.”

Na Sala Fernando Pessoa, é isso mesmo que acontece. Ontem foram alunos e professores, hoje serão pais e filhos a mergulhar no Pianoscópio, um conjunto de objectos sonoros, alguns tão simples e inusitados como escovas, que podem ser tocados. De óculos postos, tal como cientistas, as crianças aventuram-se a descobrir que quase tudo pode dar música, até mesmo quando gritam bem alto o seu nome num frenesim musical.

O mesmo entusiasmo partilham quando ouvem e dançam Miles Davis, através do espectáculo Mile(s)tones. Nem imaginam tão pequenos que ali estão a ouvir um dos nomes maiores do jazz mundial.

 

Fonte:Publico

 





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