23/08/2017
Por: marketing

Show na Bahia celebra os 50 anos da Tropicália com arranjos sinfônicos


SALVADOR (BA) – Era para ter Tom Zé, o cantor e compositor baiano de 80 anos que se conservou tropicalista pela própria natureza libertária da obra e do espírito musical. Mas o remanejamento da cerimônia-show da segunda edição do Prêmio Caymmi de Música – reprogramada para a noite de ontem, 18 de agosto de 2017, uma semana após a data prevista inicialmente – impediu a participação do artista no show que celebrou os 50 anos da Tropicália.
Coube a Alice Caymmi, cantora e compositora carioca, assumir o lugar de Tom Zé no show apresentado no Teatro Castro Alves com a big-band intitulada Bandão Caymmi em alusão ao cantor, compositor e músico baiano Dorival Caymmi (1914 – 2008), avalista do seminal Troféu Caymmi, criado em 1985 e embrião da atual premiação produzida desde 2015 pela Via Press Comunicação e Eventos. Alice e o cantor e compositor baiano Saulo Fernandes foram os convidados do show em que o Bandão Caymmi – composto por 37 músicos, cantores e arranjadores indicados à premiação – embalou sucessos da Tropicália com arranjos sinfônicos. (Clique aqui para ler sobre a premiação em si)

 


Alice Caymmi somente se integrou à banda quando, ao lado de Saulo, reforçou os vocais do número final, um medley com Bat macumba (Caetano Veloso e Gilberto Gil, 1968) e Geléia geral (Gilberto Gil e Torquato Neto, 1968), músicas emblemáticas do álbum-manifesto do movimento organizado pelos baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil, Tropicália ou Panis et circensis, lançado em 1968. Nos outros números, a neta de Dorival Caymmi se limitou a cantar músicas do  segundo álbum da artista, Rainha dos raios (2014), com pré-gravadas bases eletrônicas decalcadas dos arranjos do irretocável disco produzido por Diogo Strausz.
Nesse sentido, os números episódicos de Alice no show serviram somente para lembrar que, na reciclagem do lixo e do luxo da música brasileira, a Tropicália derrubou a ditadura do bom gosto em movimento que faz ecoar ainda hoje, 50 anos após o início da manhã tropical brasileira, a liberdade estética que permitiu a Alice, por exemplo, cantar tanto um hit do funk carioca (Princesa, sucesso de MC Marcinho em 1998) quanto versão em português de canção popular (Sou rebelde, hit da cantora Lilian em 1979).

 


Musicalmente, o show teve pontos altos como o grandiloquente arranjo sinfônico de Mamãe, coragem (Caetano Veloso, 1968), canção puxada pela paraibana, radicada em Salvador (BA), Flavia Wenceslau, cantora e compositora que foi uma das laureadas com os 22 troféus entregues no palco do Teatro Castro Alves entre os números do show criado sob a direção artística de Márcio Meirelles.
A abertura do show foi feita com a música-título do álbum, Tropicália (Caetano Veloso), lançada em 1967 e ausente do disco de 1968, em número entrecortado com trechos de Miserere Nobis (Gilberto Gil e José Carlos Capinam, 1968). A junção de duas ou três composições em um mesmo número impediu a fruição de canções como Baby (Caetano Veloso, 1968). Panis et circensis (Caetano Veloso e Gilberto Gil, 1968), por exemplo, foi amalgamada com Enquanto seu lobo não vem (Caetano Veloso, 1968).
De todo modo, a cerimônia da segunda edição do Prêmio Caymmi de Música resultou mais dinâmica do que a primeira, transcorrendo com maior agilidade. Contudo, em que pese a exuberância de alguns arranjos, a ausência de Tom Zé foi sentida…
(Créditos das imagens: Alice Caymmi, Saulo Fernandes e Bandão Caymmi em fotos de divulgação de Ulisses Dumas)
O colunista e crítico musical do G1 viajou a Salvador (BA) a convite da produção do 2º Prêmio Caymmi de Música.

 

Fonte: G1 Música

 





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